Páginas

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Jeje - Mina


Os Voduns da Casa das Minas



A Casa das Minas (Kwlegbetan Zomadonu ou Kwerebetan de Zomadonu) é um terreiro quase que bicentenário e que mantém firme as tradições religiosas africanas de culto aos Voduns, em especial àqueles que fazem parte dos cultos da Família Real. Os voduns da Casa são agrupados em família, destacando-se a família de Davice (Família Real) que engloba os voduns antigos reis e nobres, dignatários do antigo Dahomey. A ancestral mítica desta família é Nochê Naé (Sinhá Velha), a quem todos na Casa das Minas obedecem e prestam respeito, sendo que não se deve falar muito dela. Esta família segue duas ramificações: a primeira é de Zomadonu – vodun dono da Casa e vodun da fundadora e das três primeiras mães da Casa; e a segunda é a de Dadaxó (Dadarrô – pai do Dahomé), Doçú, Bedigá, Sepazin, Agongônu, Toçá, Tocé, Jogorobossú. Outra importante família é a de Dambirá, dos Voduns da terra e das doenças, como Akosi, Azile e Azonce, Polibojí, Lepon, Alôgue, Ewá, Bôça e Boçucó. E  seguindo as famílias hóspedes da casa Queviossô (dos voduns do trovão e dos astros, que são considerados nagôs dentre os jejes da casa, mesmo não sendo orixás, e que são mudos, a exemplo de Badé, Sogbo (que na Casa das Minas é um vodun feminino, sinretizada com Sta Bárbara e Oyá), Averekete, Lissá, Agbé), e as famílias de Savalunu (voduns de Savalu) e Alladanu (voduns de Alladá).
Legba não é cultuado na Casa das Minas e é tido como trapasseiro, um ser maligno. Duas explicações teria este motivo: o sincretismo extremo que caracteriza o Tambor de Mina, e o fato de Adandozan se dizer “um protegido de Legba” e que depois de toda suas atrocidades e maldades deixaram o povo Abomenu entristecidos e inclusive Nã Agotimé.
A Casa das Minas é exclusivamente de cultura Jeje, sendo seus cânticos em lingua fongbé-ewegbe, e suas divindades são exclusivamente Voduns, não havendo nenhum orixá em seu culto (embora devotem-se a Yemanjá, por exemplo, mas não há culto interno para estas divindades). A casa não gerou nenhuma filial, mas sua estruturação serviu de base para organização das outras Casas de Tambor de Mina.
Antigamente cultuavam-se na Casa das Minas, as “meninas” (Tobôssis) e que desapareceram nas décadas de 60 e 70. Segundo fontes o papel das Tobossis era harmonizar a Casa, dando nomes africanos às Vodunsìs e falavam em outra língua.
 Cada família ocupa uma parte específica da casa e tem cânticos, comportamentos e atividades próprias.
Na Casa das Minas as vodunsis só recebem um vodum e só dançam quando estão com ele. Durante o transe os voduns não comem, não bebem, não satisfazem necessidades fisiológicas, cantam e dançam com os olhos abertos, conversam entre si e com devotos, dão conselhos e alguns gostam de fumar.
Na mina-jeje os toques são realizados por três tambores com couro numa só boca (hum, humpli e gumpli), batidos com a mão e com aguidavi. São também acompanhados pelo ferro (gã) e por cabaças pequenas revestidas de contas coloridas. Nas festas as vodunsis em transe, usam saias lisas na mesma cor ou estampada, blusa branca rendada, toalha branca bordada amarrada no seio ou na cintura, guias e rosários de miçangas pequenas coloridas em que predominam o marrom(gonjeva), carregam na mão um lenço branco pequeno e usam sandália. Algumas usam símbolo do seu vodum, como bengala, rebenque, guizos, lenço colorido no ombro e cabelos soltos.
Uma grande Noche ou Sacerdotisa, foi Mãe Andresa, última princesa de linhagem direta Fon que nasceu em 1850 e morreu em 1954, com 104 anos de vida.



"O panteão da Casa das Minas"

"Embora a Casa das Minas não tenha originado outras casas de culto, sua estrutura e panteão tem sido um modelo para outras casas.
Os voduns, deuses do povo fon ou jeje são forças da natureza e antepassados humanos divinizados. Os voduns cultuados na Casa das Minas estão agrupados nas famílias de Davice, Dambirá, Savaluno e Queviossô (Ferretti, 1989, 1996).
Alguns voduns jovens chamados toqüéns ou toqüenos cumprem a função de guias, mensageiros, ajudantes dos outros voduns. São eles que "vêm" na frente e chamam os outros. Têm cerca de quinze anos de idade, podendo ser masculinos ou femininos, pertencendo a maioria à família de Davice. Nos clãs de Quevioçô e Dambirá são os voduns mais jovens que desempenham esse papel.
Além dos voduns, fazem parte do panteão da Casa das Minas as tobóssis, divindades infantis femininas, consideradas filhas dos voduns, recebidas pelas dançantes com iniciação plena, as chamadas vodúnsi-gonjaí. As princesas meninas não vêm mais na Casa das Minas. Com a morte das últimas vodúnsi-gonjaí, parte do processo de iniciação se perdeu, de modo que as dançantes remanescentes não tiveram iniciação no grau de gonjaí, de senioridade. E as tobóssis não vieram mais na Casa das Minas. Diferentemente dos voduns, que podem manifestar-se em diferentes adeptos, a tobóssi, na Casa das Minas, é considerada entidade única, exclusiva de sua vodúnsi-gonjaí, e que desaparece com a morte da dançante que a recebia, não se incorporando depois em mais ninguém.
Estudos exaustivos de Sérgio Ferretti já citados, assim se configura o panteão dos voduns na Casa das Minas, família por família:
A Família de Davice reúne os voduns da família real do Abomey, no antigo Daomé, atual Benim, e é composta dos seguintes voduns: 
Nochê Naê, Mãe Naê - a vodum mais velha e ancestral mítica do clã.
Zomadônu - o dono da Casa das Minas e chefe de uma das linhagens da família de Davice. Rei e pai dos toqüéns Toçá e Tocé (gêmeos), Jagoboroçu (Boçu) e Apoji. Zomadônu é filho de Acoicinacaba. 
Acoicinacaba (Coicinacaba) - pai de Zomadônu e filho de Dadarrô.
Dadarrô - chefe da primeira linhagem da família; vodum mais velho da família de Davice. Casado com Naedona e pai de Acoicinacaba, portanto, avô de Zomadônu. É pai de Sepazim, Doçu, Bedigá, Nanim e Apojevó. Representa o governo e é protetor dos homens de dinheiro. 
Naedona (Naiadona ou Naegongom) - esposa de Dadarrô e mãe de Sepazim, Doçu, Bedigá, Nanim e Apojevó.
Arronoviçavá - irmão de Naedona, é cambinda (mas considerado jeje por outras casas).
Sepazim - princesa casada com Daco-Donu, com quem teve um filho chamado Tói Daco, que é toqüém.
Daco-Donu - marido de Sepazim, pai de Daco.
Daco - filho de Sepazim e Daco-Donu. Toqüém. 
Doçu (Doçu-Agajá, Maçon, Huntó ou Bogueçá) - jovem cavaleiro, boêmio, poeta, compositor e tocador. Pai dos três toqüéns Doçupé, Nochê Decé e Nochê Acuevi.
Doçupé - filho de Doçu. Toqüém. 
Nochê Decé - filha de Doçu. Toqüém.
Nochê Acuevi - filha de Doçu. Toqüém.
Bedigá - também cavaleiro como o irmão Doçu. Aceitou a coroa do pai Dadarrô que Doçu tinha recusado. Protetor dos governantes, advogados e juízes.
Apojevó - filho mais novo de Dadarrô. Toqüém.
Nochê Nanim (Ananim) - filha adotiva de Dadarrô, criou Daco (neto de Dadarrô) e Apojevó (seu irmão mais novo). 
Família de Savaluno. É uma família de voduns amigos da família de Davice. Não são jeje e são hóspedes na Casa das Minas. 
Topa - um vodum solitário, o qual tem mais dois irmãos, Agongono e Zacá.
Zacá (Azacá) - vodum caçador.
Agongono - vodum que se relaciona com os astros; amigo de Zomadônu e pai de Jotim.
Jotim - filho de Agongono. Toqüém. 
Família de Dambirá. Reúne os voduns da terra, ligados às doenças e às curas. 
Acóssi Sapatá (Acóssi, Acossapatá ou Odan) - curador e cientista, conhece o remédio para todas as doenças. Ficou doente também por tratar os enfermos. Pai de Lepom, Poliboji, Borutoi, Bogono, Alogué, Boça, Boçucó e dos gêmeos Roeju e Aboju.
Azile - irmão de Acóssi. Também é doente.
Azonce (Azonço, Agonço ou Dambirá-Agonço) - irmão de Acóssi e Azile, o único que não é doente. É velho e é nagô. Pai de Euá.
Euá - filha de Azonce, também é nagô. 
Lepom - filho mais velho de Acóssi. Vodum velho.
Poliboji - também vodum velho.
Borutoi (Borotoe ou Abatotoe) - vodum velho. Usa bengala.
Bogono (Bogon ou Bagolo) - diz-se que se transforma em sapo.
Alogué - diz-se que é aleijado.
Boça (Boçalabê) - mocinha alegre, está sempre com o irmão Boçucó. Toqüém.
Boçucó- outro dos irmãos mais novos. Toqüém.
Roeju e Aboju - irmãos gêmeos. Ambos toqüéns.

Família de Quevioçô. É família de voduns considerados nagôs, embora não sejam orixás (entre eles, apenas Nanã é cultuada nos candomblés de orixá, tendo sido incorporada ao panteão iorubá desde a África, assim como seus filhos Omulu e Oxumarê). Quase todos são mudos para evitar que revelem os segredos dos nagôs ao pessoal da Casa das Minas, onde são hóspedes de Zomadônu. 
Nanã (Nanã Biocã, Nanã Burucu, Nanã Borocô ou Nanã Borotoi) - diz-se que é de Davice mas auxilia Quevioçô. É a nagô mais velha, a que trouxe os outros.
Naité (Anaité ou Deguesina) - mulher velha que representa a lua.
Vó Missã é a velha que resolve tudo entre os nagôs.
Nochê Sobô (Sobô Babadi) - considerada mãe de todos os voduns de Quevioçô (Badé, Lissá, Loco, Ajanutoi, Averequete e Abé). Representa o raio e o trovão. 
Badé (Nenem Quevioçô) - representa o corisco. Equivale a Xangô entre os nagôs. É mudo e se comunica por sinais.
Lissá - vodum dos astros. Representa o sol. É vadio e anda muito. Também é mudo.
Loco - representa o vento e a tempestade. Também é mudo.
Ajanutoi - é surdo-mudo e não gosta de crianças.
Abé - vodum dos astros, como Loco. Representa o cometa, uma estrela caída nas águas do mar. Vodum jovem e mulher. Uma dos poucos do clã que falam. É toqüém. Corresponde ao orixá Iemanjá dos nagôs.
Averequete (Verequete) - Também fala e é toqüém. 
Há dois voduns amigos da família de Quevioçô que tomam conta dos filhos de Dambirá. São eles: 
Ajautó de Aladá (Aladanu) - amigo da casa. Pai de Avrejó. É velho e usa bengala. Ajuda Acóssi, que é doente. Mora com o povo de Quevioçô. É rei nagô, protetor dos advogados.
Avrejó - Filho de Ajautó. Toqüém. 
Não se pode esquecer de Avievodum, Deus Supremo, a quem os voduns estão subordinados. Como Olodumare ou Olorum, Deus Supremo dos iorubás, Avievodum está distante e inalcançável, sendo pouco lembrado pelos devotos e não merecendo culto específico.


by Doté Rodrigo D'Avimaje
Rio de Janeiro, 30 de Agosto de 2012.
*fotos retirada da internet.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Fravin - O Quiabo


Fravin - QUIABO


      Fravin em fon é o nosso quiabo, verdura votiva, que em muito rituais não só serve de comida, oferenda, mas também em banhos. Para uso litúrgico em varios aspectos, o quiabo tem uso para espantar o mau, ikú, pedir justiça, vida, força, etc.
      Comida obrigatória dos faraós no Egito, o quiabo - Abelmoschus esculentus . Moench ocupa lugar de destaque na cozinha ritual dos terreiros de candomblé. A planta originária do continente africano chegou ao Brasil certamente como uma exigência do paladar africano que logo se impões no Brasil colônia. Nas comunidades terreiros tal verdura recebe tratamento especial, constituindo-se como base de várias comidas rituais, as chamadas comidas votivas dedicadas aos voduns, orixás e inkisis em ocasiões especiais que visam reforçar, estreitar ou reconstruir os laços dos fiéis com o Sagrado. 
     Esta verdura é tão importante que alguns terreiros conservam o hábito africano de não comer as suas sementes, à semelhança de muitos povos que sabiam da importância destas para garantir a continuidade de tal cultura. Como no Egito Antigo, recebem comidas à base de quiabos, os ancestrais ligados às dinastias e alguns que se relacionam com estes. A exemplo do vodun Sogbo, gBadé, Loko, enfim toda familia de Hevioso, o orixá Xangô, um dos reis de Oyó, de culto trazido para o Brasil pelos reis, rainhas e sacerdotes que aqui entraram. Come também quiabo Oxalá, considerado um dos ancestrais mais antigos, representativo dos primeiros grupos humanos que saíram pelos continentes para povoar a terra e erguer as civilizações. Também recebe esta verdura, Nanã, ancestral do desenvolvimento e da transformação, considerada também principio criativo do Universo, motivo pelo qual participa de todos os seres vivos como celeiro que acolhe e guarda todo ser dotado de força vital. Dar-se comidas a base de quiabos Hoho (Ibeji), literalmente, os gêmeos por conta de sua relação com a continuidade. 
      Isto explica a prática que resiste ainda hoje em algumas famílias de colocar, conforme a promessa, de três a sete quiabos no tradicional caruru dedicado a Ibeji, onde os quiabos são cortados observando várias normas prescritas pela tradição, normas que lhe confere o nome “caruru de preceito.” Ainda está para ser discutido os “carurus” dedicados as orixás gêmeos feitos sob “encomenda”. Os chamados “vindos da rua”. Há algum tempo não muito distante de nós, o “caruru dos meninos”, outro nome dado ao conjunto de iguarias oferecidas aos gêmeos, era “encomendado a uma pessoa” que preparava toda a comida dentro da casa de quem estava oferecendo o prato, afinal como ainda acredita-se: “comida de santo não pode atravessar encruzilhadas.” Certo que a chamada “modernidade” e a redefinição do tempo, somado aos produtos oferecidos pela indústria de alimentos, a exemplo dos fast food, faz urgir em algumas pessoas mudanças, ora para “aproveitar esse tempo”, que sempre tornar-se escasso, ora para ostentar prestígio, incluindo algumas modificações. Pela brevidade do tempo não vamos aprofundar este debate. Deixemos para outra ocasião. Retornando ao nosso tema, a base principal do caruru de Ibeji é o quiabo. Quiabo inteiro colocado na panela distribuído aleatoriamente no prato de alguns comensais que até certo tempo mantiam o compromisso de retribuir aquele banquete à família que estava oferecendo, prestando homenagem aos gêmeos. Isso garantia a presença do caruru “durante todo ano” por se acreditar que Ibeji não abre mão de receber suas comidas preferidas oferecidas pela pessoa escolhida, em outras palavras, “apontada” pelo quiabo inteiro, representando o próprio ancestral. Recebe também comida a base de quiabo, Oyá, ancestral do rio Niger por conta da sua relação com sogbô. Na verdade, as comidas feitas de quiabo oferecidas a ela representam o próprio rei. Nos terreiros de candomblé, ao menos nas casas de tradição ioruba, o quiabo se faz presente em todos os ritos de passagem, mesmo quando ele está ausente. Ele serve para marcar assim todas as cerimônias de renovação, continuidade. Come-se quiabo para fortalecer o axé. Quiabo é símbolo de prosperidade, êxito nos negócios e serve também para impedir que algumas coisas que atrapalham o nosso axé aconteçam. Há poemas que dizem, “que no meio das dificuldades encontremos quiabo.” A fim de garantirmos que nada de ruim nos aconteça. O quiabo neste trecho nos é apresentado se não, como uma pessoa, um ser individualizado. 
       Isso nos remete a um mito já registrado por alguns autores, mantidos pelas comunidades terreiros. Conta-se que uma grande seca se abateu sobre a terra. Tudo começou a perecer, a começar pelas flores, as árvores depois de despir-se de suas folhas começaram morrer, as crias dos animais também padeceram, abateu-se sobre a humanidade a fome, doenças e a guerra, não tendo mais a quem recorrer, um ancestral chamado Okô, que nos ocuparemos na próxima semana, aquele que inventou a roça, cultivou, domesticou as primeiras plantas, saiu pelo mundo a procura de uma solução ante a emergência do desaparecimento da vida. Okô, então chegou diante de Esú, aquele que havia entrado primeiro na cidade criada pelo fundador do Universo e lhe pediu que clamasse ao céu para enviar a chuva, o céu que anteriormente já havia entrado em disputa com a terra para ver quem era o mais importante. Esu aceitou o desafio e lhe pediu uma comida especial temperada com pimenta. Okô, assim fez e depositou a comida sobre Okê, a montanha, por ser o lugar mais alto. Exu fartou-se da iguaria demasiadamente apimentada e depois que percorreu todos os rios da terra, não encontrando água, tratou de reclamar ao céu que fizesse cair sobre a terra a chuva. 
       O céu atendeu o pedido do velho amigo e entregou a Esu gotas de águas para serem derramadas sobre a terra. Atrapalhado, o poema diz que Esu no caminho, deixou cair algumas gotas de suas mãos e a chuva antecipou-se à sua chegada na terra. 
       Quando desceu da montanha, ao parar diante de Okô, percebeu que o quiabo já havia lançado as primeiras folhas. Estava garantida assim a continuidade e a permanência da vida sobre a terra. Desta maneira, a exemplo do ilhame, do milho e da mandioca nas Américas e do arroz na Ásia, reconhecidos como raízes e grãos civilizatórios, o quiabo constituiu uma das plantas cultivadas de maior importância para algumas civilizações africanas, a menos para aquelas que afirmavam descender de um poder Divino representado pelo do rei. Além da fixação dos grupos humanos na terra, ele nos ajuda a pensar no esforço que as primeiras civilizações empreenderam para manter-se vivas através de noções como descendência e ancestralidade, mantidas vivas ora através do não consumo da sementes de algumas plantas a fim de semeá-las, ora através da sua distribuição inteiros em pratos de fiéis, devotos que transcendem às religiões afro-brasileiras e que ainda hoje oferece aos seus fiéis.


By Doté Rodrigo D'Avimaje
Rio de Janeiro, 16 de Agosto de 2012.
fotos e trechos de textos retirados de internet para fins ilustrativos.


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

10 de Agosto - Avimaje


10 de Agosto, dia de Avimaje


Kolofé aos meus mais velhos, hj dia 10 de Agosto de 2012 dia de São Lourenço, no sincretismo é dia de meu vodum Avimaje. Rogo ao meu Ayono, as alegrias e dadivas em minha vida e para todos os merecedores. Meu menino que até ancião respeita, abucy fuó por tudo q fez e faz em minha vida! Como eu aprendi com meus mais velhos dentro do rito, Avimaje é caçador de almas de bons corações! talvez por isso, que meus filhos e amigos são pessoas maravilhosas! meu kolofé aos meus mais velhos, ogãs, ekedys e temis! Deloin Avimaje!



Segue um pouco a história de São Lourenço:

São Lourenço (Huesca ou Valência, Espanha, Roma, 10 de agosto de 258) foi um mártir católico e um dos sete primeiros diáconos (guardiões do tesouro da Igreja) da Igreja Cristã, sediada em Roma.
O cargo de diácono era de grande responsabilidade, pois consistia no cuidado dos bens da Igreja e a distribuição de esmolas aos pobres. No ano 257, o imperador romano Valeriano I decretou a perseguição aos cristãos e, ao ano seguinte, foi detido e decapitado o Papa Sisto II.
Segundo as tradições, quando o Papa São Sisto se dirigia ao local da execução, São Lourenço ia junto a ele e chorava. "aonde vai sem seu diácono, meu pai?", perguntava-lhe. O Pontífice respondeu: "Não pense que te abandono, meu filho, pois dentro de três dias me seguirá".
Após a execução do Papa, o imperador ameaçou a Igreja para entregar as suas riquezas no prazo de 3 dias. Passados três dias, São Lourenço levou as pessoas que foram auxiliadas pela Igreja e os fiéis cristãos diante do imperador. Depois, exclamou a seguinte frase que lhe valeu a morte: "Estes são o património (riquezas) da Igreja". O imperador, furioso e indignado, mandou prendê-lo, e ser queimado vivo sobre um braseiro ardente, por cima de uma grelha. A tradição católica diz que o santo conservou seu bom humor mesmo enquanto era executado, dizendo aos que o queimavam: "podem me virar agora, pois este lado já está bem assado".
Tornou-se um mártir e ele é considerado um servo fiel da Igreja.
Santo Agostinho diz que o grande desejo que tinha São Lourenço de unir-se a Cristo fez com que esquecesse as exigências da tortura[1]. Também afirma que Deus obrou muitos milagres em Roma por intercessão de São Lourenço. Este santo foi, desde o século IV, um dos mártires mais venerados e seu nome aparece no cânone da missa. Foi sepultado no cemitério de Ciriaca, em Agro Verão, sobre a Via Tiburtina. Constantino ergueu a primeira capela no local que ocupa atualmente a igreja de São Lourenço extramuros, a qual é a quinta basílica patriarcal de Roma.
Em todo o mundo cristão, existem muitas igrejas dedicadas a este santo. Geralmente, as estátuas dele apresentam uma grelha (o instrumento que lhe causou a morte) e uma Bíblia nas suas mãos.
É comemorado no dia 10 de Agosto.




by Doté Rodrigo D'Avimaje
Rio de Janeiro, 10 de Agosto de 2012.
* fotos retiradas da internet para fins de ilustração.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Obi


Obi


    Obi é um fruto sagrado e insubstituível, sem o qual não faz nenhuma obrigação, nenhuma confirmação de que os Voduns aceitaram as oferendas. A resposta de afirmação do Obi é fundamental para que os ritos possam continuar.
O obi de quatro gomos, o único que deve ser ofertado aos Voduns, chama- se obi abatá.
Cada fruto é composto de dois casais, e quando um fruto tiver mais de dois casais, separam- se os gomos excedentes e dividem- se em comunhão com todos os presentes ou oferecem a Exu. Os gomos são delineados pela natureza, portanto não pode haver nenhum tipo de intervenção, sobretudo de faca, para dividir o obi. Apenas nos rituais de Sogbo, o obi deve ser substituído pelo orobô.
O obi deve ser jogado sobre água, em pratos brancos ou diretamente no chão. Seus gomos devem ser jogados de uma só vez, ou seja, simultaneamente. Não se pode manipular os gomos, nem jogar os que cairam fechados sozinhos.
Se a caída não for favorável, deve- se lançar todos os gomos novamente. Só uma caída autoriza de imediato a continuidade dos ritos ou confirma a aceitação. Quando todos os gomos do obi caem abertos, isto é, com sua parte interna para cima, é o sínal de que Voduns abençoaram e/ ou aceitaram o rito.
Obi rê!



A LENDA DO HOMEM OBI .


        Era uma vez um belo rapaz, forte e saudável, cujo nome era Obi, seu trabalho era levar os recados dos homens, para os Orixás.Toda vez que um homem precisava fazer uma oferenda a uma divindade,ele deveria falar no ouvido de Obi todas as suas orações, pedidos e lamentações, e este, por sua vez, transmitiria os recados e traria uma resposta daquela divindade.Com o tempo, Obi passou a ser mais requisitado pelos seus trabalhos, pois com sua ajuda tudo se tornara mais fácil, a resposta era imediata. Isso foi fazendo com que Obi ficasse muito orgulhoso e envaidecido, passando a cobrar preços cada vez mais altos pelos seus serviços, acumulando assim, muitas riquezas.Obi sentia-se livre para agir desta forma, andava pelas ruas sem falsa modéstia, dizendo o quanto as pessoas precisavam de seus favores.O tempo foi passando e a situação chegou a tal ponto, que Exu ficou incomodado com as atitudes de Obi.Exu, que caminha entre o céu e a terra com muita facilidade, foi falar com Olodumare (o Deus Supremo), relatando tudo o que estava acontecendo na terra, especialmente o comportamento de Obi.Olodumare ficou muito triste com o que Obi estava fazendo e tomou uma decisão, ir pessoalmente a casa de Obi , falar com ele, e ver quais seriam seus argumentos.O Deus Supremo, que nunca havia saído do céu anteriormente, seguiu em direção a casa de Obi, lá chegando, bateu na porta, e Obi foi atender, sem imaginar quem poderia estar do lado de fora, ao abrir a porta, tão grande foi seu susto, que caiu de costas no chão imobilizado, foi quando Olodumare disse a ele: "tanto foi o teu orgulho e vaidade que vim pessoalmente a sua casa para falar de minha tristeza, como reparação de seus erros, a partir de hoje nunca mais falará de pé, toda vez alguém precisar de teu trabalho é no chão que deverá te invocar,esse será o teu castigo para sempre".E até hoje é assim que consultamos Obi, no chão.

 By Doté Rodrigo D'Avimaje. Rio de Janeiro, 06 de Agosto de 2012.* foto retirada da internet para fins ilustrativos.